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Vi na Livraria: A Mulher de Vermelho e Branco, de Contardo Calligaris

Companhia das Letras 18 de abril de 2011 Aline T.K.M. Nenhum comentário

Livro fresquinho - 1ª edição lançada agora em 2011 -, e mesmo na página do Skoob não há nada sobre ele, apenas a sinopse. Não pude esconder a curiosidade e é por isso que ele foi a escolha para este Vi na Livraria.

Sobre o autor: Contardo Calligaris, psicanalista e ensaísta, nasceu na Itália e se formou na França, onde viveu 20 anos. Casado com uma brasileira, radicou-se no Brasil, onde atende e assina uma coluna na Folha de S. Paulo. Foi professor da New School for Social Research, em Nova York, e da Universidade de Berkeley.

A MULHER DE VERMELHO E BRANCO, de Contardo Calligaris.
SINOPSE: Carlo Antonini recebe uma nova paciente em seu consultório, em Nova York. O que parece uma consulta trivial, pouco antes de uma viagem que o terapeuta fará a São Paulo para uma palestra e alguns dias de férias, desencadeia uma trama envolvendo um casamento conturbado, uma organização suspeita de terrorismo, um assassinato e uma história familiar de vingança.

O livro traça o paralelo aparentemente improvável entre o que Antonini desconfia se esconder sob as palavras de sua paciente - a descrição de uma festa com seus dois filhos na qual tudo será "vermelho e branco" - e o encontro fortuito, num restaurante do bairro da Liberdade, com uma namorada vietnamita dos tempos em que morou em Paris.


Perfeitos [Scott Westerfeld]

Ficção científica 12 de abril de 2011 Aline T.K.M. 2 comentários

Finalmente, Tally é perfeita. A cirurgia foi um sucesso, sua vida em Nova Perfeição é ótima e a fama de feia rebelde fez dela uma celebridade! Mas, quando ela não consegue ver nenhum defeito em sua nova fase, um enfumaçado aparece e faz com que Tally se lembre de tudo... Agora, Tally terá de enfrentar seu maior desafio e entender que, no mundo de Feios, nem sempre a aparência condiz com a realidade.

Se Feios é um livro e tanto e acaba deixando todos os leitores se mordendo de curiosidade, Perfeitos não fica atrás! O livro começa já em um ritmo acelerado, aumentando gradativamente ao longo da leitura. “Eletrizante” (ou, por que não “borbulhante”?) é a palavra ideal para defini-lo!

O que acontece quando ser perfeito não basta?
Durante toda a narrativa, o livro trata de responder a pergunta acima, criando conflitos que envolvem o leitor e dão margem a reflexões, tal qual seu antecessor. Confesso que é bastante difícil resenhar Perfeitos sem cair nos malditos spoilers, o que fará desta resenha um pouco “incompleta”, a meu ver.

Ao considerar tudo em seu estado mais perfeito, a única “preocupação” existente em Nova Perfeição são as inúmeras e badaladas festas, os artifícios um tanto bizarros para adornar a própria fisionomia, as cirurgias desnecessárias e com fins unicamente estéticos, as 1001 estripulias para fazer com que a sensação “borbulhante” se prolongue... Quando os habitantes de Nova Perfeição tanto se assemelham à nossa sociedade em seu aspecto de acomodamento perante o mundo e perante eles mesmos, Tally é o outro lado disso tudo, é o “olho” que consegue verdadeiramente enxergar o que se passa, a verdade além das aparências. Sim, Tally agora é perfeita, mas isso não quer dizer que tenha perdido sua essência de feia. Tally questiona e, com isso, nos faz questionar. Há momentos, inclusive, em que nos perguntamos se o que é tido como “melhor” é realmente o melhor. Um exemplo é uma conversa entre a Dra. Cable e Tally, em que a primeira explica à segunda as razões pelas quais a sociedade em Nova Perfeição é “melhor” em relação aos Enferrujados e aos Enfumaçados. Ao ler o trecho abaixo, é inevitável não nos desenvolvermos uma série de questões em nossas próprias cabeças (e inclusive percebermos que há certa verdade nas palavras da Dra. Cable):

Nós estamos sob controle, Tally, graças à operação. Largados à própria sorte, os seres humanos são uma praga. Eles se multiplicam sem controle, consomem todos os recursos naturais, destroem tudo em que botam as mãos. Sem a operação, os seres humanos sempre se tornam Enferrujados.
- Na Fumaça isso não acontece.
- Pare para pensar, Tally. Os Enfumaçados desmatavam suas terras, matavam animais para comer. Quando chegamos, eles estavam queimando árvores.
- Não eram muitas.
- E se existissem milhões de Enfumaçados? Bilhões deles, num curto espaço de tempo? Fora das nossas cidades controladas, a humanidade é uma doença, um câncer num corpo chamado mundo. [...]

Este é um ponto muito positivo desse livro, e da série como um todo: o de trazer à tona temas que muito dizem sobre o mundo e a sociedade em que atualmente estamos inseridos, e assim provocar questionamentos da parte dos leitores. Ressalto, ainda, que o livro fala a um público amplo, que vai desde os pré-adolescentes (se é que este termo ainda pode ser considerado hoje em dia) até os jovens adultos (principalmente, mas não necessariamente detendo-se neles), com uma linguagem simples e um enredo suficientemente maduro para agradar a toda essa faixa. Fazer com que tais tipos de reflexões e ideias entrem em ebulição na cabeça dos mais jovens é realmente um ponto mais que positivo e que não pode passar despercebido, principalmente em tempos em que Big Brother é tido como entretenimento – e tem audiência.

O livro revela algumas surpresas, achados que não comentarei para não estragar leituras ainda não começadas ou concluídas (apesar de que acho difícil que alguém que visita o blog ainda não tenha lido Perfeitos, mas ainda assim...).

Os conflitos e a confusão de sentimentos que atingem a protagonista é algo interessante – e angustiante. A culpa que carrega por se considerar a causa da queda da Fumaça, os sentimentos por Zane e David, a amizade conflituosa e cheia de mágoas com Shay, a tal da “cura”. E mesmo em um turbilhão de acontecimentos, a força de Tally se destaca. Mesmo sendo parte de um grupo de jovens com ideais semelhantes, nos deparamos com a desistência de Péris em determinado momento, provando que sair da zona de conforto requer força e determinação, principalmente quando se vive em um mundinho perfeito (e egocêntrico), onde não há motivação para lutar por um ideal maior que o próprio indivíduo.

Perfeitos é um livro para se deliciar do começo ao fim (e para querer morrer de curiosidade novamente em relação à continuação). Para pensar, para torcer pelos planos de Tally e seus amigos e, quem sabe, para nos curarmos nós mesmos desta capa que nos cobre os olhos e nos impede de enxergar o que realmente importa.

Título: Perfeitos
Autor(a): Scott Westerfeld
Ano da obra: 2005

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