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Semana do Consumidor Amazon | Livros

Resenha: Pulso, de Julian Barnes

Contos 25 de maio de 2013 Aline T.K.M. 13 comentários


Pulso reúne histórias sobre amor, amizade, perda e saudade ligadas por um ritmo comum: do corpo, do sexo, da doença e da morte. Do familiar ao extraordinário, de acontecimentos privados a fatos históricos, de encontros a desencontros de amigos ou de amantes, Barnes revela seu olhar afiado sobre os acontecimentos, grandes ou pequenos, que resumem a existência humana.

Vi na Livraria: O Último Amigo, de Tahar Ben Jelloun

À la française 23 de maio de 2013 Aline T.K.M. 4 comentários


Já havia mostrado um livro do autor em um post da coluna Chez le Libraire, onde compartilho a sinopse de algum livro em francês que eu tenha vontade de ler, mas cuja leitura não esteja nos meus planos literários a curto/médio prazo, por motivos diversos.

As razões pelas quais decidi mostrar O Último Amigo aqui no Vi na Livraria são as mesmas que falei na ocasião de quando mostrei o livro Le Bonheur Conjugal, em francês, do mesmo autor. Tenho vontade de ler algo do Tahar Ben Jelloun, bem como de ter algum contato com a literatura árabe (ainda que toda a obra de Jelloun seja originalmente em língua francesa); penso que o autor seria uma boa escolha, uma vez que ele é um nome consagrado na literatura contemporânea.

O ÚLTIMO AMIGO, de Tahar Ben Jelloun, Bertrand Brasil.
SINOPSE: Aconteceu em Tânger, cidade cosmopolita, no final dos anos 1950. Dois adolescentes, Ali e Mamed, conhecem-se no Liceu Francês, passam a andar juntos e se tornam amigos. Durante quase trinta anos, essa relação será afetada por mal-entendidos, duras provações sofridas juntos, ciúme disfarçado e traição. Essa amizade arrebatadora quase chega a se assemelhar a uma história de amor de final infeliz. No entanto, no romance 'O Último Amigo', do marroquino Tahar Ben Jelloun, os personagens, de forma quase antagônica, dão a sua versão dos fatos. Constata-se que eles não viveram a mesma história. A ingenuidade de um tem como contrapartida o egoísmo perverso e destruidor do outro. A amizade, em si, seria um mal-entendido?
É fascinante acompanhar Tahar Ben Jelloun neste romance ao mesmo tempo tão local e tão universal. Escrito em estilo direto e claro, 'O Último Amigo' é também um retrato cruel do Marrocos dos anos de repressão e das desilusões que se seguiram.

Agora, as perguntas que não querem calar: e vocês, já leram literatura árabe? Gostaram?


De fora para fora #2: A Teoria do Desjejum

Choque cultural 20 de maio de 2013 Aline T.K.M. 16 comentários


O café da manhã revela muito sobre uma pessoa.
Acredito piamente na afirmação acima, já há tempos transformada em teoria dentro desta cabeça cheia de ideias às vezes amalucadas. Leite com corn flakes, iogurte desnatado com mix de grãos, café preto, pãozinho na chapa, leite com Ovomaltine, torrada mais queimadinha com cream cheese, torrada mais branquinha com geleia,... As combinações são inúmeras e as preferências podem ser bastante peculiares; até a ausência de café da manhã revela um bocado da rotina, e mesmo da personalidade, de quem quer que seja.

Quem acredita e pratica a Teoria do Desjejum pode não ceder à tentação de aplicá-la loucamente – e até de forma errônea – a partir do menor contato com uma cultura diferente. Na ocasião de um intercâmbio, por exemplo.

Seu estômago roncou. Ela precisava de um belo café da manhã irlandês.

Cecelia Ahern, P.S. Eu te amo

O tal do tradicional café da manhã irlandês de que a Holly tanto precisava na página cento e trinta e três de P.S. Eu te amo, é um "primo quase irmão" do café da manhã inglês: ovo frito, tomate grelhado, batatas, um tipo de chouriço de porco, bacon, cogumelos, feijão com molho adocicado, torradas e geleia. Tudo isso regado a suco, chá ou café. Agora sim, deu para entender um pouquinho da essência da Teoria do Desjejum?!

À primeira vista, pode parecer incomum – e aí grudo no eufemismo porque não é tão legal usar a palavra bizarro ou mesmo escatológico, ops... – um cidadão comer cogumelos e feijão adocicado logo cedo. Ou então, que esquisito aquele que finaliza as refeições comendo queijo, como se fosse uma pré-sobremesa. “Que foi? Só estou comentando...”

Primeiro o choque cultural alimentício, depois o estranhamento quanto à vestimenta, especulações quanto aos hábitos de higiene alheios, e até achar ruim a maneira aparentemente tão formal com que todos se tratam. Os comentários e pensamentos podem até ser inocentes, mas acabam atrapalhando um bocado todo o processo de recepção do novo, que deveria ser acolhido de peito e braços bem abertos.

A fase de estranhamento inicial sempre acontece e é necessária – embora muito difícil, dependendo da dimensão das diferenças. Só que, e grifem esta frase, deve ser seguida pelo “mergulho de cabeça do trampolim mais alto” nessa cultura diferente que passa a ser um pouco sua/minha/nossa a partir da sala de embarque. É a única forma de aproveitar a totalidade da experiência tão marcante que é um intercâmbio.

Mas voltemos à Teoria do Desjejum. Não deixe de fazer um novo coleguinha só porque o lanche dele é esquisito e nojento. Ainda acredito que o café da manhã (e as refeições, de modo geral) diz muito sobre uma pessoa; só que quando o assunto são as diferenças culturais, tudo é muito subjetivo. O hábito estranho do seu candidato a coleguinha – e que talvez nem seja um hábito, assim, daqueles que a gente faz todo dia – foi provavelmente ensinado a ele pelos pais, que aprenderam com os avós, que fazem como os bisavós, e por aí vai. “Então, quer dizer que talvez ele nem seja tão estranho assim???”

Dentro de seu país e cultura, ele provavelmente é tão comum quanto todo mundo, e mais, ele pode ser bem legal. Portanto, há uma alternativa bastante pertinente, e que me parece a mais correta, para a aplicação da Teoria do Desjejum: deve-se adotar a perspectiva de dentro do ambiente em que se está. Na prática, é como esquecer um pouco o próprio referencial para se inserir em outro modo de vida. Não julgue o bacon gorduroso do coleguinha usando como padrão a metade do mamão que você come pela manhã; você não vai descobrir nada sobre a personalidade dele nem irá tirar qualquer conclusão relevante disso – exceto que talvez seu coleguinha tenha alguma chance extra de estar com o colesterol acima dos níveis medianos.

O que eu quero dizer é: em vez de se restringir às comparações bestas entre os hábitos daqui e de lá, absorva a nova cultura e seja capaz de perceber as nuances e diferenças internas. Inclusive as alimentícias. Ter um paladar aventureiro é o primeiro passo para ser um completo aventureiro, ou para simplesmente conhecer outra cultura in loco.

Uns gostam de bacon com ovo e outros só comem aquela geleia de laranja azedinha por cima da torrada. Outros, ainda, deixam o café da manhã irlandês somente para os fins de semana ou ocasiões especiais. Alguns gostam de leite com cereal, outros preferem um croissant puro de manhã cedo. Interessante de notar e, principalmente, de experimentar.

Ainda assim, faço a seguinte ressalva: desconfie daqueles que não tomam café da manhã; a gente nunca sabe bem o que está fazendo quando tem o estômago vazio...


O que é "De fora para fora"? Saiba mais.


O Teorema Katherine [John Green]

Intrínseca 17 de maio de 2013 Aline T.K.M. 10 comentários


Colin Singleton gosta de Katherines. Já teve dezenove namoradas, todas Katherines, e cada uma delas terminou com ele. Após seu décimo nono pé na bunda, Colin – ex-prodígio e viciado em anagramas – resolve cair na estrada com seu melhor amigo, Hassan, e com uma missão: desenvolver o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que o fará ocupar o posto de gênio e, claro, reconquistar sua Katherine XIX.

Em tom tragicômico, O Teorema Katherine traz uma visão diferenciada acerca dos relacionamentos amorosos, especialmente os malsucedidos.

Um gráfico que possa prever o desfecho de uma relação é, seguramente, uma daquelas “invenções” que muitos dariam tudo para ter em mãos. E é isso que Colin persegue: criar um teorema aplicável a todas as suas dezenove Katherines, portanto a todos os relacionamentos, precisando quando e quem terminaria a relação. Pensar em um teorema como este é algo bastante engraçado; no entanto, tal esforço em racionalizar os namoros revela uma personalidade insegura e com alguma dificuldade em compreender e lidar com o outro. Ao mesmo tempo em que presenciamos a prodigiosidade do protagonista, acompanhamos também suas fraquezas e o percurso bastante aventureiro que Colin empreende para superá-las.

O texto é gostoso de ler, conduz o leitor de maneira natural e “indolor”, além de ir (muito bem) acompanhado de um enredo repleto do frescor e pretensão tipicamente juvenis. E não uso aqui a palavra pretensão ligada a qualquer sentido negativo, mas aos próprios desejos e grandes ambições dos jovens, e até a certa vaidade.

Contudo, são os personagens a grande atração do livro! Hilários em suas tiradas e convincentes em seus dilemas, o trio Colin-Hassan-Lindsey parecem uma unidade, como que feitos uns para os outros. Já as Katherines, todas, parecem fundir-se em uma instituição; algo com tamanha dimensão na vida de Colin que parece mesmo adquirir ares beirando o místico.

O Teorema Katherine não é um livro que, necessariamente, faz refletir. Na realidade, as reflexões são desenvolvidas ao longo da trama, conduzidas pelos próprios personagens e se desenrolam perante o leitor. O livro “entrega” as respostas, em vez de fazer com que o leitor as procure – o que achei bastante válido e apropriado ao que propõe a trama.

LEIA PORQUE...
A matemática que permeia a história foi realmente uma boa sacada. O apêndice, ao término da leitura, explica melhor a matemática do teorema criado por Colin – apesar de ser um “plus”, vale a pena ser lido.

DA EXPERIÊNCIA...
Leitura ágil e divertida. As notas de rodapé, frequentes ao longo da narrativa, são um atrativo à parte: não são tecnicamente essenciais para a compreensão do todo, mas poxa, tais linhas diminutas fazem toda a diferença! Uma das delícias desta leitura!

FEZ PENSAR EM...
Há séculos não ouvia falar de eixo x, eixo y,... E apesar de sempre ter tido um péssimo relacionamento com números e gráficos, achei bastante interessante a matemática presente no livro.

Título: O Teorema Katherine
Título original: An Abudance of Katherines
Autor(a): John Green
Editora: Intrínseca
Edição: 2013
Ano da obra: 2006
Páginas: 304

Tem mais literatura no cinema francês!

À la française 15 de maio de 2013 Aline T.K.M. 4 comentários

Vocês já devem saber que desde o dia 1º até o dia 16 de maio (amanhã!) está rolando o FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS. E também já devem saber que a programação da edição 2013 está cheia de filmes adaptados de obras literárias (comecei a falar disso AQUI).

Mas ainda tem mais! Trago aqui outros filmes do festival que têm estreita relação com a literatura. Confiram! E lembrem-se de seguir a regra máxima que lhes imponho aqui: é obrigatório assistir a pelo menos um dos filmes – seja no próprio festival (se ainda estiver rolando na sua cidade), ou no cinema quando entrarem em cartaz.

Peço perdão pelo atraso da publicação desta continuação do post sobre os filmes do Festival Varilux. Sei que o festival já deve ter terminado em várias cidades, mas também sei que boa parte dos filmes entrará em cartaz nos cinemas - como "A Datilógrafa" e "Renoir", por exemplo. Então, este post é mais um incentivo para que vocês confiram os filmes quando entrarem em cartaz (ou me digam se já assistiram a algum deles no festival e o que acharam), além de mostrar algumas obras através de suas adaptações cinematográficas.

ALÉM DO ARCO-ÍRIS (Au bout du conte, direção de Agnès Jaoui, França, 2012)
Não se trata de adaptação; porém o filme traz várias referências de conhecidos contos de fadasCinderela, Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve,... –, bem inseridas no contexto contemporâneo e jovem do filme. É necessário um olhar atento, já que algumas destas alusões não são assim tão explícitas.


Era uma vez uma jovem que acreditava no grande amor, nos sinais, e no destino; uma mulher que sonhava e tentava desesperadamente ser atriz; um jovem que acreditava em seu talento de compositor, mas não acreditava muito em si mesmo. Era uma vez uma menina que acreditava em Deus. Era uma vez um homem que não acreditava em nada até o dia em que uma vidente lhe disse a data da sua morte e, a contragosto, começa a acreditar.
Uma comédia sobre relacionamentos que alegremente desmistifica o fim tradicional dos contos de fadas.

O filme traz Agathe Bonitzer, que interpretou Tal em Uma Garrafa no Mar de Gaza (cujo livro de origem resenhei aqui).



FERRUGEM E OSSO (De rouille et d’os, direção de Jacques Audiard, França/Bélgica, 2012)
Adaptado da coletânea de contos Rust and Bone, do canadense Craig Davidson.


Ali, sem domicílio, sem dinheiro e sem amigos, encontra Stéphanie, uma domadora de orcas do Marineland. Um dia, o espetáculo se transforma em drama. Quando Ali a reencontra, ela está presa a uma cadeira de rodas: perdeu as pernas e muitas ilusões. Ele vai simplesmente ajudá-la, sem compaixão. Ela vai reviver.



A DATILÓGRAFA (Populaire, direção de Régis Roinsard, França, 2012)
Neste caso aconteceu o inverso: A Datilógrafa não é uma adaptação, mas deu origem a um livro contendo o roteiro do filme. Populaire tem autoria do diretor Régis Roinsard, de Daniel Presley, e de Romain Compingt.


1958. A jovem Rose vive com seu pai, viúvo rabugento que cuida do bazar de um vilarejo normando. Ela deve se casar com o filho do mecânico e está destinada a ser dona de casa. Mas Rose não quer essa vida. Ela tem um dom: datilografa numa velocidade vertiginosa. Vai então para Lisieux, onde desperta o esportista ambicioso adormecido em Louis Echard, dono de um escritório de seguros.



PRENDA-ME (Arrêtez-moi, direção de Jean-Paul Lilienfeld, França/Luxemburgo, 2013)
Adaptado do livro Les Lois de la Gravité, de Jean Teulé.


Certa noite, uma mulher vai a uma delegacia confessar o assassinato do seu marido violento, cometido há muitos anos. Mas à medida que a policial de plantão a interroga e conhece sua vida, menos tem vontade de prendê-la. Por que essa mulher, de quem ninguém suspeitava, quer ser reconhecida como culpada de qualquer jeito? Por que essa policial não quer prendê-la?



RENOIR (Renoir, direção de Gilles Bourdos, França/Egito, 2012)
Adaptado do livro Le Tableau Amoureux, de Jacques Renoir (bisneto do pintor Pierre-Auguste Renoir).


1915, Côte d’Azur. No crepúsculo de sua vida, Pierre-Auguste Renoir sofre com a perda da esposa, as dores da idade, e as más notícias vindas da linha de frente: seu filho, Jean, foi ferido na guerra.
Mas a jovem Andrée, que surge em sua vida como um milagre, vai dar ao velho homem uma energia que ele não esperava mais. No entanto, o paraíso logo será abalado pela volta de Jean, que também se rende aos encantos da misteriosa ruiva. Radiante de vitalidade, resplandecente de beleza, Andrée será o último modelo do pintor, sua fonte da juventude.



OS SABORES DO PALÁCIO (Les saveurs du palais, direção de Christian Vincent, França, 2012)
Adaptado livremente do livro Carnets de cuisine du Périgord à l’Élysée, de Danièle Mazet-Delpeuch. O livro conta a história de Danièle, a autora, durante o período em que foi chef particular (e a primeira chef mulher) do ex-presidente da França, François Mitterrand.


Hortense Laborie é uma cozinheira famosa que vive em Périgord. Para sua grande surpresa, o Presidente da República a nomeia responsável por suas refeições pessoais no Palácio do Élysée. Apesar da inveja dos chefs da cozinha central, Hortense se impõe com sua personalidade forte. A autenticidade da sua culinária logo seduzirá o presidente; mas, nos bastidores do poder, os obstáculos são inúmeros.



5 motivos para ler Scott Westerfeld

5 motivos para ler 13 de maio de 2013 Aline T.K.M. 12 comentários


Scott Westerfeld nasceu no dia 5 de maio de 1963, em Dallas (Texas, EUA). Possui graduação em Filosofia, e é pós-graduado em Estudos Performáticos.
Casado com a também escritora Justine Larbalestier, o casal mora em Sydney (Austrália) e Nova York, alternando entre as duas cidades basicamente de acordo com os termômetros – Scott e a esposa vivem fugindo do inverno. Justine e Scott não têm filhos.

1. Scott já foi ghost-writer! O autor já comparou tal atividade a algo como dirigir o carro de outra pessoa, em altíssima velocidade e por muito dinheiro.

2. Ele é autor de quatro séries YA, sendo a série Feios a mais conhecida. Nela, tudo se passa em um futuro onde os adolescentes, ao completarem 16 anos, são obrigados a passar por uma cirurgia estética que os torna “perfeitos”, mas também bastante padronizados. A série é composta por uma trilogia – Feios, Perfeitos e Especiais – e por um romance adicional, Extras.
O escritor também participou de algumas coletâneas de contos. Amores Infernais foi uma delas; bem ruim – minha opinião – mas, se serve de consolo, o conto do Westerfeld é um dos únicos que se salva do livro.

3. Westerfeld também tem livros adultos em sua bibliografia; Polymorph, Fine Pray e Evolution’s Darling não foram lançados no Brasil, infelizmente.

4. Westerfeld é vegetariano, sua refeição favorita é o café da manhã (a minha também!), e ele diz JAMAIS usar jeans. Interessante...

5. Apesar de ter um escritor preferido, o aclamado no gênero da ficção científica Samuel R. Delany (ou “Chip”), Scott Westerfeld diz não ter um livro favorito. O motivo é que simplesmente há milhares de livros e ele não saberia nomear um predileto. Justo.

PRINCIPAIS OBRAS:
Tão Ontem (2004)
A Hora Secreta – Midnighters #1 (2004)
No Limiar da Escuridão – Midnighters #2 (2005)
Blue Noon – Midnighters #3 (não lançado no Brasil)
Feios (2005)
Perfeitos (2005)
Especiais (2006)
Extras (2007)
Leviatã – A Missão Secreta (2009)


Mães que jamais mereceriam celebrar o Dia das Mães

Flora Rheta Schreiber 10 de maio de 2013 Aline T.K.M. 7 comentários


Ler livros cujos personagens tenham – ou sejam – o que chamamos de mãezona é, em sua totalidade, uma experiência inspiradora. Mas e quando acontece o oposto?

Não é tão raro nos depararmos com tramas envolvendo mulheres que NÃO merecem o título de mãe, muito embora tenham gerado filhos. Qual o sentimento que essa situação provoca em vocês? Desprezo, raiva, tristeza, piedade, medo? Eu, como leitora, geralmente experimento uma mistureba de todos estes sentimentos básicos, mas nada impede que outros se juntem ao grupo – alguns, inclusive, bastante contraditórios.

Pois eis aqui duas mães literárias que me causam certa repulsa, em grau e por razões bem diferentes...

Charlotte Haze, mãe de Lolita (LOLITA, de Vladimir Nabokov)
Detestável, porém digna de pena. Charlotte tem uma relação bastante tempestuosa com a filha, pontuada por críticas e reclamações. Ou então, mostra indiferença e o desejo de manter Lolita longe de si e de Humbert, que se torna seu marido apenas para ficar próximo de sua filha, por quem nutre obsessão pedófila. Por outro lado, Charlotte é detestada por ambos (isso mesmo, até pela própria filha – mas aí há toda uma questão do tipo “o buraco é mais abaixo”, talvez questões edipianas não resolvidas...), que querem vê-la afastada a todo custo.

Por falar no livro, publiquei o review de Lolita aqui no blog, em 2010.

Aproveitando... A capa ao lado é de uma edição italiana de 1970.
Para quem curte ver capas diferentinhas, olha só esta página com 185 capas para Lolita, de países diversos.

Hattie Dorsett, mãe de Sybil (SYBIL, de Flora Rheta Schreiber)
Sybil sofre horrores por causa da mãe. Esquizofrênica e atroz, Hattie comete abusos contra a filha desde que esta era bem pequena; torturava a menina de modo insano, física e psicologicamente.
Com um pai omisso, a garota sozinha não soube lidar com tudo a que era submetida pela mãe, e acabou por apresentar desde criança o Transtorno Dissociativo de Identidade (ou Transtorno de Múltiplas Personalidades). Sybil se dissocia em 15 personalidades diferentes, além da “original”, sendo duas delas masculinas, fazendo com que viva períodos em total “ausência” de si mesma. Isto ocasiona uma espécie de lapso de memória constante, em que vive com outra personalidade que não a sua. Sua psicanalista, Dra. Wilbur, é quem trata Sybil, fazendo com que supere sua condição.

Não tem review de Sybil aqui no blog; li o livro em 2004 e nem fazia ideia de que um dia eu teria um blog literário...

Assustadoramente, Sybil é baseado em uma história real; foi escrito – de maneira romanceada – por uma jornalista amiga da Dra. Wilbur e da própria Sybil, e publicado em 1973. Contudo (e resumindo os fatos), alguns profissionais alegam que o livro se trata de uma farsa combinada entre as três – autora, psicanalista e paciente. Sybil não teria tido múltiplas personalidades (apesar de ter tido alguma desordem psicológica) e muitas das torturas inflingidas pela mãe teriam sido descritas de forma exagerada, com o intuito de provocar e chocar.
Real ou não, o livro realmente choca, e apresenta uma mãe que ninguém desejaria ter – nem sequer no pior pesadelo.


Não consegui pensar em mais nenhuma outra mãe odiosa, apesar de que Charlotte e Hattie já são mais que suficientes! Vocês se lembram de alguma mãe literária tão detestável que nunca seria digna de ter um Dia das Mães?

Escrevi o post que vocês acabaram de ler inspirada neste aqui; até tomei liberdade de usar a mesma imagem, espero que me perdoem! =P


A Importância de Ser Prudente [Oscar Wilde]

Civilização Brasileira 7 de maio de 2013 Aline T.K.M. 12 comentários


Inglaterra, século XIX. Para escapar da imagem de homem respeitável e das inúmeras obrigações enquanto tutor da sobrinha Cecília em sua casa de campo, João Worthing inventa a existência de um irmão mais velho um tanto problemático, chamado Prudente. Assim, ele consegue ir a Londres e lá desfrutar de alguns prazeres que só a cidade grande oferece; também aproveita para cortejar Gwendolen, prima de seu amigo Algernon Moncrieff – bem-nascido e tremendo perdulário.
Algernon, a seu turno, inventa um amigo doente – Bunbury – e o utiliza como desculpa para se desvencilhar de compromissos sociais indesejáveis, principalmente os que envolvem sua tia, Lady Bracknell. Ao se inteirar da bela sobrinha de João, Algernon assume a identidade do imaginário Prudente para procurá-la na casa de campo e poder cortejá-la. No mesmo momento, porém, João chega à casa de campo anunciando a morte de seu irmão Prudente, o que constitui uma rede de mal-entendidos.
Com Cecília apaixonada por Algernon/Prudente e Gwendolen apaixonada por João/Prudente, os dois amigos deverão lidar com a confusão para manter as identidades paralelas a fim de conquistar as garotas, sem descuidar de sua imagem e prestígio social.


Personagens estereotipados e bastante caricatos juntam-se ao típico humor britânico nesta comédia de costumes do escritor/dramaturgo/poeta irlandês Oscar Wilde. Em A Importância de Ser Prudente, Wilde satiriza tanto a alta sociedade quanto a camada popular; tampouco ficam de fora as instituições – como o casamento e a família –, o clero, a etiqueta, o moralismo e até a própria literatura.

A crítica aparece de maneira sutil, mas não menos hilária. Os trocadilhos e as reviravoltas dão o tom cômico exigido pela própria situação da trama.

ALGERNON. É um trabalho terrivelmente duro não fazer nada. Mas não me importo de trabalhar duramente, contanto que não haja objetivo definido.


As reviravoltas, aliás, aparecem sem economia; as mentiras e ações dos personagens se acumulam, fazendo do confronto final um mal necessário e inevitável. Chamá-lo de mal, entretanto, parece injusto, já que um confronto viria a desfazer os diversos malfeitos.

A recompensa, aqui, não é dirigida às virtudes, estas praticamente ausentes – pelo menos em um plano consciente. Um desfecho recompensador seria mais consequência da resolução dos erros cometidos.

As moças enxergam no nome a própria personificação da prudência, embora a característica esteja em falta; os homens desejam ser Prudente sem realmente compreender a essência – e a importância mesmo – de sê-lo. Depois de muita confusão e grandes surpresas, só mesmo alguém prudente merece ser genuinamente chamado de Prudente.

LEIA PORQUE...
Há genialidade na crítica feita por Wilde. O humor britânico se faz notar por seu aspecto afetadamente comedido, fazendo o cômico parecer ainda mais cômico.

DA EXPERIÊNCIA...
Ainda que teatro não esteja entre os meus gêneros de predileção, não posso deixar passar em branco o quão divertido foi acompanhar as peripécias e confusões de João e Algernon na Inglaterra vitoriana.
Para quem quiser “incrementar” a experiência, existe uma adaptação para o cinema cujo título em português é Armadilhas do Coração. Produzida em 2002, tem direção de Oliver Parker – mesmo diretor de outras duas obras de Wilde: O Marido Ideal (1999) e O Retrato de Dorian Gray (2009).

FEZ PENSAR EM...
Finalmente li algo do Oscar Wilde! E percebi que não é à toa que o escritor tem uma estátua no parque Merrion Square, em Dublin (da qual nunca tirei foto – regrets mode on).


Estátua de Oscar Wilde - reparem no sorrisinho travesso - no Merrion Square (Dublin, Irlanda).

Título: A Importância de Ser Prudente
Título original: The Importance of Being Earnest
Autor(a): Oscar Wilde
Editora: Civilização Brasileira
Edição: 2005 – 4ª edição
Ano da obra: 1895
Páginas: 96

Um sorteio especial...

Sorteios e concursos 5 de maio de 2013 Aline T.K.M. 4 comentários


O Livro Lab e vários outros blogs se juntaram para um sorteio que promete turbinar a sua estante: o sortudo(a) será contemplado com 13 livros (isso mesmo, treze!), sendo dois deles em versão digital, além de marcadores autografados.

Para concorrer, basta residir no Brasil e preencher corretamente o formulário Rafflecopter, seguindo todos os itens obrigatórios.
Serão aceitas participações até o dia 20 de junho.

O prêmio consiste em um exemplar de cada um dos livros abaixo:
A Guerra dos Tronos – As Crônicas de Gelo e Fogo, vol. 1
As Crônicas de Nárnia - Volume único
Despertar
As Violetas de Março
Um Ano Inesquecível
Branca de Neve e o Caçador
Uma Questão de Confiança
O Lorde Supremo – Trilogia do Mago Negro, Livro 3
O Amor de Deus
Meu Amor, Meu Bem, Meu Querido
O Livro do Amanhã
E-book: Corações em Fase Terminal
E-Book A Gente ama, a gente sonha
E vários marcadores autografados!


a Rafflecopter giveaway


IMPORTANTE:
Serão aceitas participações até o dia 20 de junho.
O resultado estará disponível neste mesmo post, bem como em todos os blogs participantes.
Esta promoção envolve vários blogs; cada blog é inteiramente responsável pelo envio do prêmio que propôs para o sorteio.
O Livro Lab será responsável pelo envio de um exemplar do livro Um Ano Inesquecível (Ronald Anthony).
Todos os livros serão enviados em um prazo de até 45 dias.


Festival Varilux de Cinema Francês 2013: tem literatura na telona!

À la française 3 de maio de 2013 Aline T.K.M. 7 comentários


Uma vez por ano sou tomada por certo arrebatamento, feito criança quando encontra o Papai Noel (ou melhor, os presentes que o velhinho, em teoria, traz). O motivo da empolgação anual tem nome e duração exatos: o Festival Varilux de Cinema Francês começou em 1º de maio e vai até o dia 16. Meu enlevo, porém, dura até o dia 9, que é quando termina o festival aqui em São Paulo. o festival acontecerá em 40 cidades pelo Brasil. Bref...

Dos quinze filmes da programação deste ano, vários deles são adaptações de obras literárias – inclusive, tem adaptação de um livro do Victor Hugo. E ainda, há filmes que não são adaptações mas que têm muito de literatura no enredo. Confiram:

FEITO GENTE GRANDE (Du vent dans mes mollets, direção de Carine Tardieu, França, 2012)
Adaptado do livro Du vent dans mes mollets (sem edição em português), de Raphaële Moussafir. O livro também ganhou adaptação em quadrinhos, de mesmo título e autoria também de Raphaële Moussafir, e ilustrações de Mam’zelle Rouge.



Rachel tem 9 anos, uma mãe consideravelmente sufocante, um pai divertidamente cínico, e uma avó adoravelmente mortífera. Rachel deseja fortemente: ser querida por sua professora loira e um tanto perversa; fazer parte do “clube das amigas da Barbie”; e de se tornar a única amiga de Marina Campbell, por sua mãe estar morta e seu pai ser um barão inglês.
Nesta volta às aulas, Rachel dorme com sua mochila e faz xixi na cama, enquanto sua mãe a obriga a ver uma terapeuta fora do comum. Ainda por cima, Valérie, uma pequena insolente, faz de tudo, à exaustão, para se tornar sua amiga.



O HOMEM QUE RI (L’homme qui rit, direção de Jean-Pierre Améris, França / Rep. Tcheca, 2012)
Adaptado do livro O Homem Que Ri (L’homme qui rit), de Victor Hugo.



O clássico de Victor Hugo aborda a aristocracia inglesa do século XVIII. Porém, menos preocupado em recriar época e lugar exatos, o diretor de O Homem Que Ri coloca o foco na história de Gwynplaine, um garoto traficado e marcado no rosto por uma cicatriz que lhe dá o aspecto de um sorriso constante. Ainda criança, ele se junta a Dea, uma garotinha cega, e a Ursus, um pitoresco showman que os acolhe em sua caravana.
Anos mais tarde, os três viajam com um espetáculo no qual Gwynplaine, já adulto, é a atração principal. O rapaz encontra a popularidade e a riqueza, e acaba por se afastar de Ursus e Dea, os únicos que sempre o amaram de maneira incondicional.
Esta é a terceira adaptação do romance L’homme qui rit, de Victor Hugo.



ADEUS, MINHA RAINHA (Les Adieux à la Reine, direção de Benoît Jacquot, França, 2012)
Adaptado do livro O Adeus à Rainha (Les Adieux à la Reine), de Chantal Thomas.



Em 1789, no início da Revolução Francesa, Versalhes continua a viver na despreocupação e desenvoltura, longe do tumulto que agita Paris. Quando a notícia da tomada da Bastilha chega à Corte, o castelo esvazia, nobres e serviçais fogem... Mas Sidonie Laborde, jovem leitora inteiramente dedicada à Rainha, não quer acreditar nos rumores que ouve. Laborde tinha como função selecionar trechos de livros e fazer essas leituras para a rainha Maria Antonieta, que a convocava em diversos momentos do dia e da noite para se distrair. De dentro dos aposentos reais, a jovem foi testemunha dos acontecimentos trágicos e pitorescos que antecederam a Revolução. Protegida por Maria Antonieta, nada pode lhe acontecer. Ela ignora, porém, que são os três últimos dias que vive ao seu lado.



O MENINO DA FLORESTA (Le Jour des Corneilles, direção de Jean-Christophe Dessaint, Animação, França, 2012)
Adaptado do livro Le Jour des Corneilles (sem edição em português), do quebequense Jean-François Beauchemin.



No coração de uma grande floresta, habitada por animais e espíritos, vive um jovem selvagem de dez anos. Seu pai, um bronco caçador e comedor de carne fresca, sempre disse a ele que o mundo acabava nos limites da floresta. Um dia, porém, para salvar seu pai ferido, o menino se aventura num mundo desconhecido.



PEDALANDO COM MOLIÈRE (Alceste à Bicyclette, direção de Philippe Le Guay, França, 2013)
Pedalando com Molière não é uma adaptação, mas traz muito de literatura e teatro; a peça O Misantropo, de Molière, permeia o todo e é parte fundamental da história.



No auge de sua carreira de ator, Serge Tanneur decide deixar o mundo do espetáculo, e vive isolado em uma casa na Île de Ré. Até que Gauthier Valence, um ator bastante bajulado, procura Serge para lhe propor de atuar na peça O Misantropo, de Molière. Será que Serge não teria se tornado a mais pura encarnação do personagem Alceste, na vida real? Serge recusa, porém há nele algo que faz com que ceda; após alguns dias de ensaio ele saberá se quer mesmo encenar o papel ou não. Nos ensaios, os dois atores se dividem entre o prazer de atuar juntos e o desejo de enfrentar um ao outro, em uma batalha de ressentimentos.



Jean-Pierre Améris, diretor de O Homem Que Ri
e Christa Théret, atriz que interpreta a Dea no
debate após a sessão
Acessem o site do Festival Varilux de Cinema Francês para ver a programação de cada uma das cidades participantes, além de conhecer os demais filmes do festival.

O ponto alto do evento é a presença de alguns dos atores e diretores dos filmes da programação - somente nas primeiras sessões - para um pequeno debate com o público após a exibição do filme. Presente em 40 cidades do Brasil, o festival tem crescido bastante – o que é ótimo em alguns aspectos (mais cidades receberão o festival), e péssimo em tantos outros..., mas não adentrarei o assunto desta vez!

Espero que vocês tenham se animado tanto quanto eu e que se tornem verdadeiros "ratos de cinema" (existe essa expressão ou eu acabei de inventar?!) nestas próximas duas semanas! Bonne séance à tous !


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