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VÍDEO: Mortes literárias (que eu adoro!)

Alfaguara 30 de junho de 2013 Aline T.K.M. 4 comentários

Morte boa, só na literatura. Por que não curti-la, então?
No vídeo de hoje, falo sobre algumas mortes literárias que me empolgaram e que continuam em minha lembrança. Sem spoilers, não se preocupem.


REVIEWS RELACIONADOS:
Crônica de uma morte anunciada [Gabriel García Márquez]
1Q84 [Haruki Murakami]
Um Dia [David Nicholls]
O Homem Duplicado [José Saramago]
Garotas de Vidro [Laurie Halse Anderson]

E o post que inspirou este vídeo:
As melhores mortes literárias, no Blog da Companhia das Letras. Lembrando que pode ter spoilers para quem não leu os livros.


A gente se acostuma com o fim do mundo [Martin Page]

À la française 27 de junho de 2013 Aline T.K.M. 16 comentários


Ao ter seu nome lido num retângulo de cartolina em uma premiação, Elias transforma-se de mero produtor cinematográfico em produtor do ano. Ao mesmo tempo, vê sua vida desmoronar com o sumiço de Clarisse, com quem mantinha um relacionamento conturbado havia seis anos, e, em seguida, com o fato de ter sido afastado de uma produção que aconteceria na África. O "tudo" de repente se transforma em "nada".
Elias, então, é incumbido da tarefa de convencer a jovem Margot – que tenta o suicídio cada vez que termina um relacionamento amoroso – a vender os direitos de sua história pessoal para que vire filme. Com isso, ele tem a chance de descobrir que o fim do mundo não significa necessariamente um fim.


Em A gente se acostuma com o fim do mundo, Martin Page nos deleita com mais um de seus protagonistas problemáticos.

Elias é um outsider que se vê embrenhado em uma existência errante. Passa a questionar o que sentiu e viveu com Clarisse (enquanto sofre com sua ausência), e não sabe bem o que busca nem o que está acontecendo com sua vida. Até a percepção de seu ambiente de trabalho é alterada tamanho o deslocamento repentino do personagem; o que antes era um local aconchegante e familiar tornou-se repleto de estranhezas e desconfortos.

Elias tampouco sabe explicar o porquê do medo e da vulnerabilidade que o dominam perante a suicida Margot – outra outsider dona de bloqueios e problemas cabeludos, e que tem uma forte ligação com Paris.

A superficialidade há muito havia tomado conta de inúmeros aspectos da vida do protagonista. Como se estar no raso lhe trouxesse mais segurança, ou menos problemas. Seus dias haviam se convertido em um imenso hábito; conformava-se com banalidades e, igualmente, com as piores tragédias. O sofrimento e a crença de que Clarisse precisasse de seus cuidados (devido aos problemas com o álcool) faziam com que Elias tivesse um conceito distorcido de amor.

Diante da passividade do protagonista, Page não só lhe dá uns tapas nos setores sentimental e profissional de sua vida, como também se vê obrigado a lhe dar uma verdadeira surra no plano físicoé, Elias precisou apanhar feio para começar a tomar novos rumos. O autor também faz questão de mostrar que até nas amizades o – já ferrado – personagem precisa ultrapassar a superficialidade que pontua o convívio social.

A gente se acostuma com o fim do mundo é um pequeno universo de amargura e pessimismo, ainda assim formidável e acrescido do sarcasmo que acompanha as histórias de Martin Page. É um universo de seres desgastados, esfolados por suas existências medíocres. Perdem o rumo quando confrontados com a felicidade, sentimento que embora ainda lhes seja estranho, sempre acaba por bater à porta. Só lhes resta reconhecê-la e deixá-la entrar.

LEIA PORQUE...
A narrativa passeia por um verdadeiro festival de sabores: é deliciosamente ácida, com doses de amargura e temperada com o sal da angústia; ainda assim, tem lá seus momentos de doçura.

DA EXPERIÊNCIA...
Ler Martin Page me obriga a colecionar quotes de forma incansável durante toda a leitura. Os personagens, utilizando-se da voz do narrador, compartilham suas reflexões com quem os lê, o que resulta em tiradas geniais e frases de efeitomesmo que muitas estejam ligeiramente na contramão do que a maioria classificaria como genial.

FEZ PENSAR EM...
Mais importante que saber o que Clarisse (e qualquer outra pessoa) foi, é fundamental reconhecer tudo aquilo que ela não foi.

Título: A gente se acostuma com o fim do mundo
Título original: On s’habitue aux fins du monde
Autor(a): Martin Page
Editora: Rocco
Edição: 2007
Ano da obra: 2005
Páginas: 224

Vi na Livraria: Nada, de Janne Teller

Janne Teller 25 de junho de 2013 Aline T.K.M. 14 comentários


Como fiquei tentada a levar este livro! Vi-o há algumas semanas na livraria e confesso que li a sinopse trocentas vezes, e fiquei segurando o bendito livro por um tempão, enquanto passeava por entre as demais estantes.
Algo de bizarro na sinopse/proposta do livro me atraiu profundamente, além do título – tão vazio e, ao mesmo tempo, tão expressivo.
No fim, acabei não comprando o livro, mas sigo convicta de que ainda o lerei.

NADA, de Janne Teller, ed. Record.
SINOPSE: “Nada importa.” “Você começa a morrer no instante em que nasce.” Pierre Anthon está no sétimo ano e tem a certeza de que nada na vida tem importância. Por isso, ele decide abandonar a sala de aula e passar os dias nos galhos de uma ameixeira, tentando convencer seus companheiros de classe a pensar do mesmo modo.
Diante da recusa do menino de descer da árvore, seus colegas farão uma pilha de objetos que significam muito para cada um deles, e com isso esperam persuadi-lo de que está errado. A pilha começa com uma coleção de livros, uma vara de pescar, um hamster de estimação... Contudo, com o passar do tempo, os participantes se desafiam a abrir mão de coisas ainda mais especiais. A pilha de significados logo se transforma em algo macabro e doentio, que coloca em xeque a fé e a inocência da juventude.


PROMOÇÃO: “Pulso”

Sorteios e concursos 22 de junho de 2013 Aline T.K.M. 23 comentários

Se vocês curtiram o review de Pulso, do premiado Julian Barnes, que postei em maio... essa é para vocês!

Até eu estou empolgada com esse sorteio porque – e isto é muito sério – o livro é MUITO bom, daqueles que a pessoa lê e, vez ou outra, faz pequenas pausas só para pensar “Caramba, isso é genial...”. Pelo menos eu fiz muito isso – e é meio que inevitável, sempre acontece quando leio certos autores.

Há tempos venho percebendo que muita gente que comenta aqui no blog não curte livros de contos. Ok. Mas olha, não é por nada, é só que Pulso merece uma chance. O livro (e o autor!) merece que vocês abram uma exceção básica.


Participação simplificada, confiram:
1. Seguir o blog via Google Friend Connect.
É só clicar em “Participar deste site” no menu ao lado.
2. Comentar neste post, confirmando a participação.
3. Preencher o formulário Rafflecopter abaixo.

CHANCE EXTRA:
Tuitar a seguinte frase:
#PROMO Concorra a um exemplar do livro Pulso, de Julian Barnes, no blog Livro Lab: http://tinyurl.com/promo-pulso

a Rafflecopter giveaway


IMPORTANTE:
- Para concorrer, é necessário ter um endereço no Brasil.
- Serão aceitas participações até 23/07/2013.
- Todos os itens obrigatórios deverão ser cumpridos para que a participação seja válida.
- O resultado será publicado neste mesmo post.
- Logo da publicação do resultado, enviarei um e-mail ao sorteado(a), que deverá ser respondido em até 3 dias. Não havendo resposta dentro do prazo, será feito um novo sorteio.


Livro + Filme: Eu e Você (...e minha enorme cabeça-de-bagre)

Bernardo Bertolucci 20 de junho de 2013 Aline T.K.M. 10 comentários

Este “Livro + Filme” é uma homenagem especial à minha enorme cabeça-de-bagre (ou à porção toupeira do meu grande cérebro, como preferirem).

A revolta tem motivo: NÃO li o livro ainda (sequer comprei); e NÃO assisti ao filme no 8ª Festival Pirelli de Cinema Italiano, que rolou em São Paulo em novembro/dezembro do ano passado – aliás, não assisti a nenhum dos filmes do festival... Não contente, tampouco aproveitei a chance de ver o filme quando esteve em cartaz este ano. Lamentável.

Momento desabafo terminado, eis o livro e o filme aos quais me refiro:

LIVRO: Eu e Você, de Niccolò Ammaniti, Bertrand Brasil.
Capas brasileiras de Eu e Você. Prefiro a do filme!
SINOPSE: Lorenzo, um adolescente de 14 anos, tem dificuldade de se comunicar com o mundo. É introvertido e neurótico, mas também é sensível, meticuloso e perspicaz. Para realizar seu sonho de viver isolado, sem conflitos e sem colegas irritantes, esconde-se no porão de sua casa durante uma semana (enquanto todos acreditam que ele está viajando com alguns colegas). Assim, Lorenzo cria um mundo particular onde pode ouvir música, assistir a filmes no computador, ler e se sentir à vontade. Sua semana de sonhos está pronta para começar quando, de repente, chega uma visita inusitada: a rejeitada meia-irmã Olivia, acompanhada de seus problemas.
De Niccolò Ammaniti, conhecido por sua escrita corajosa, Eu e Você traz personagens fortemente humanos em um relato sobre mentiras tão pueris quanto inescapáveis, promessas nunca cumpridas e tudo aquilo que se quer, mas não se pode ter. Ou ser.

FILME: Eu e Você (Io e Te, direção de Bernardo Bertolucci, Itália, 2012.)
Eu e Você foi indicado às categorias de melhor filme, melhor roteiro, melhor diretor e melhor fotografia no David di Donatello 2013, o mais importante prêmio cinematográfico italiano. Tea Falco (que interpreta Olivia) foi indicada na categoria de melhor atriz, e o filme também aparece na indicação de melhor trilha sonora.
Eu e Você é o primeiro filme do italiano Bernardo Bertolucci desde o provocador Os Sonhadores (2003).


Depois do post, só me resta corrigir meu tremendo vacilo e assistir ao filme sem demora.


5 motivos para ler Vladimir Nabokov

5 motivos para ler 18 de junho de 2013 Aline T.K.M. 17 comentários


Vladimir Vladimirovich Nabokov, ou Vladimir Nabokov nasceu em 22 de abril de 1899, em São Petersburgo, na Rússia. Filho de família aristocrata, era o mais velho de cinco crianças. Deixou o país com sua família após a Revolução Bolchevique. Após graduar-se no Trinity College (Cambridge, Inglaterra), juntou-se à família em Berlim, em 1922. Pouco depois, casou-se com Véra Slonim, de família russo-judaica, e em 1934 tiveram um filho, Dmitri.

Fugindo dos exércitos nazistas, mudou-se para os Estados Unidos em 1940, onde foi professor universitário de literatura. Tornou-se cidadão norte-americano e utilizava o inglês para escrever sua obra. Só alcançou a fama e o reconhecimento internacional com Lolita, cujos frutos lhe permitiram mudar-se para a Suíça e dedicar-se inteiramente à literatura. Vladimir Nabokov faleceu em 2 de julho de 1977, em Montreux, Suíça.

5 motivos, lá vamos nós!

1. Lolita, o livro mais conhecida do autor, foi rejeitado por diversas editoras, que o rotularam pornografia pura, e só foi publicado por uma editora francesa, em 1955. Depois de publicada, a obra chegou a ser banida em vários países, mas logo tornou-se um best-seller. É certo que Lolita é um livro polêmico; ao mesmo tempo em que foi visto com maus olhos por muitos, é indubitavelmente considerado uma das obras-primas literárias do século 20.
O livro Lolita originou dois termos de cunho sexual: lolita e ninfeta, que significam meninas púberes atraentes ou precoces sexualmente.

2. Nabokov nutria grande paixão por borboletas. Sua carreira como entomologista (estudioso de insetos) teve considerável destaque; foi, ainda, curador da seção de lepidópteros (ordem de insetos à qual pertencem as borboletas) no Museu de Zoologia Comparada da Universidade de Harvard, nos EUA.
Os jogos de xadrez eram outra atividade pela qual o escritor era aficionado.

3. Lolita teve duas adaptações para o cinema. A primeira delas foi em 1962, por Stanley Kubrick (“A Laranja Mecânica”, “O Iluminado”); a segunda é de 1997, dirigida por Adrian Lyne (“Flashdance”, “Proposta Indecente”).

Edição de 1981 (Abril Cultural): meu
mais recente achado!
O polêmico livro também deu origem a um musical. Lolita, My Love (por John Barry e Alan Jay Lerner, 1971) só conheceu o fracasso e nem chegou aos palcos da Broadway – teve temporada apenas em Boston e na Filadélfia. O musical foi considerado controverso (por um público bastante conservador), porém sua trilha sonora ainda é digna de atenção. Não chegou a ganhar álbum de estúdio; foi lançado um álbum por uma pequena gravadora que consistia em uma gravação ao vivo do musical.
Em 1981, houve uma peça de teatro adaptada do livro de Nabokov, também sem sucesso. Existiu também uma ópera baseada em Lolita. Composta em 1992, originalmente em russo, teve sua estreia em 1994, em Estocolmo (Suécia), traduzida para o idioma sueco.
A música “Don’t stand so close to me”, da banda The Police, faz alusão à obra no trecho “Just like the old man in / That book by Nabokov”. A temática gira em torno do desejo e culpa entre uma estudante e seu professor.

4. Um manuscrito incompleto do autor foi revelado há alguns anos. O Original de Laura foi escrito à lápis em 138 fichas catalográficas em 1977, e permaneceu por mais de trinta anos em um cofre na Suíça. Antes de morrer, Nabokov havia pedido à sua mulher, Véra, que o destruísse. Dmitri, filho do escritor, guardou o manuscrito desde a morte de Véra, e decidiu publicá-lo depois de décadas de polêmicas. No Brasil, O Original de Laura foi publicado pela Alfaguara.

5. Vladimir Nabokov definia sua infância como tendo sido perfeita. Sua família era trilíngue e, desde tenra idade, Vladimir lia e escrevia em inglês e francês, além de sua língua materna, o russo.

PRINCIPAIS OBRAS:
Machenka (1926)
Lolita (1955)
Fogo Pálido (1962)
O Olho (1965)
A Pessoa em Questão (1966, autobiografia)
Coisas Transparentes (1972)
O Original de Laura (2009, publicação póstuma)


Balzac e a costureirinha chinesa [Dai Sijie]

À la française 15 de junho de 2013 Aline T.K.M. 10 comentários

Em 1966, o líder chinês Mao Tsé-tung lança uma campanha que mudaria radicalmente a vida do país: a Revolução Cultural que, entre outras medidas drásticas, expurgou das bibliotecas obras consideradas como símbolo da decadência ocidental. Em meio às transformações político-sociais, o movimento – que só terminaria dali a dez anos – desencadeou mudanças nas concepções e na maneira de pensar do povo. Mas, mesmo sob a opressão da Guarda Vermelha, uma outra revolução explode na vida de três adolescentes chineses quando, ao abrirem uma velha e empoeirada mala, têm as suas vidas invadidas por Balzac, Dumas, Flaubert, Baudelaire, Rousseau, Dickens...

Se me permitem dizer, vocês estão diante do review de um livro pitoresco. E lindo.

Desde as primeiras linhas, o narrador-personagem permite que o leitor mergulhe em seu íntimo e faça parte de sua trajetória em um momento bem peculiar – de sua vida e da própria China. Neste narrador, cujo nome não conhecemos, vê-se o próprio Dai Sijie – o autor esteve durante três anos (entre 1971 e 1974) em um vilarejo nas montanhas da China para o regime de reeducação.

Acompanhamos a cumplicidade, as angústias e toda sorte de sentimentos experimentados pelo protagonista e seu amigo Luo. Longe da família – intelectuais burgueses que, por isso, passaram por punições – os garotos são submetidos a tarefas árduas junto dos camponeses e levam uma vida precária, além da dura perspectiva de permanecerem em reeducação por tempo prolongado.

Tudo seria exponencialmente mais trágico se não contássemos com a destreza mental e a ousadia dos dois amigos, características que lhes proporcionam a regalia de poder assistir a sessões de cinema em outro vilarejo para depois contarem os filmes com detalhes para o restante das pessoas. Essa vivacidade dos personagens confere nuance aventureira à trama – ainda que a narrativa se mostre introspectiva.

Dois acontecimentos marcam a vida dos garotos: o contato com a filha do alfaiate da região – por quem ambos se apaixonam –, e a descoberta de uma mala repleta de obras de Balzac, Flaubert, Rousseau, entre outros...

A descoberta da literatura ocidental – em segredo, pois era proibida durante o regime de Mao – opera grandes transformações nos amigos. As palavras, em especial as de Balzac, têm papel fundamental no processo de amadurecimento e no florescer de Luo e do protagonista. Na fronteira com a idade adulta, eles descobrem o amor, o sexo e a própria vida a partir de obras como O Pai Goriot, Ilusões Perdidas e Úrsula Mirouët. Mais que apenas proporcionar descobertas, a literatura balzaquiana guia os garotos no tortuoso caminho do próprio crescer, ajudando-os a lidar com a ebulição que os acomete por dentro. Ebulição que em grande parte se deve à tal da costureirinha.

A graciosa costureirinha chinesa, aliás, também é seduzida pelas palavras de Balzac, e também nela ocorre uma metamorfose – silenciosa e mais intensa do que se pode imaginar.

Balzac e a costureirinha chinesa é um livro sobre descobertas; sobre tornar-se adulto num contexto severamente limitador. E, especialmente, um livro sobre o poder dos livros e a liberdade que só a literatura é capaz de oferecer.

LI EM FRANCÊS


Ler o livro em francês foi uma experiência enriquecedora, principalmente porque é o idioma em que originalmente foi escrito. O autor é de nacionalidade chinesa, mas mudou-se para a França em 1984, e adotou o francês para escrever seus livros.
A leitura se deu de maneira simples e com fluidez. O dicionário foi bem-vindo para questões de vocabulário e expressões. Sem mais.
(Detalhe: parte deste review será utilizada em um trabalhinho sobre o livro que preciso entregar na aula de francês. ^^ )

LEIA PORQUE...
Ainda que o entorno da trama seja composto por uma realidade dura, a narrativa jamais se afasta da docilidade. O fato de ser em parte autobiográfico faz com que percebamos a leitura de forma ainda mais impactante. Dai Sijie, além de escritor, é também cineasta e foi ele mesmo quem adaptou Balzac e a costureirinha chinesa para o cinema.

DA EXPERIÊNCIA...
História impossível de afastar do pensamento, mesmo quando a leitura já tiver sido há muito concluída. Extremamente inspirador!

FEZ PENSAR EM...
Balzac e todas as obras mencionadas ao longo do livro. Não sei vocês, mas acho especiais livros que sugerem outros livros; é como se a leitura ganhasse continuidade.

Título: Balzac e a costureirinha chinesa
Título original: Balzac et la petite tailleuse chinoise
Autor(a): Dai Sijie
Editora: Alfaguara
Edição: 2007
Ano da obra: 2000
Páginas: 168

O amor (e afins) em citações

Citações 12 de junho de 2013 Aline T.K.M. 9 comentários


Porque uma boa citação sobre o amor deixa o dia mais saboroso e inspirador.
não aconselho usar as linhas abaixo para incrementar o cartão de Dia dos Namorados – o amor não vem sempre ilustrado em cores, nem mesmo na literatura.


Lavínia estava tão próxima que seu braço roçou no meu. Uma descarga elétrica. A fase das fagulhas, como diz mestre Schianberg em seu livro. O momento em que os amantes têm a certeza de que algo vai acontecer em breve para saciar a fome que sentem, e saboreiam a espera, muitas vezes prolongando-a. Choques não são incomuns nessa etapa, sustenta Schianberg.


Imaginou-se como uma princesa que estava sendo levada para um príncipe encantado em seu castelo. Divertiu-se com a ideia, mas não gostou dela: não queria um príncipe encantado, pois esse era o sonho das garotas que acabavam se casando com seres lamentáveis que cheiravam a estupidez e a outras mulheres. Desconfiava dos encantos e de todas as magias dos seres humanos, de suas crinas retóricas e de suas caudas humorísticas. Decidiu renunciar a esse sucesso matrimonial e abdicou de seu reinado de trinta segundos.


Não se deve tocar em nada, sobretudo não limpar, desinfetar, esterilizar o rico adubo onde o amor nasceu, ordenar e desequilibrar as relações orgânicas nas quais ele desabrocha.


– Não, você não entende. Eu não a amo não-bastante, amo-a demais. Dói-me vê-la, isso me devasta, preciso recuperar-me entre as vezes. Mato-me dizendo-lhe isto: me mataria vê-la o tempo todo.


Achava que nunca mais se apaixonaria e estava de bem com isso, acreditava que uma vez basta para uma vida inteira, mas está acontecendo de novo, essa sensação que se aproxima de uma depressão leve e tinge de desimportância tudo que não tenha a ver com a mulher que abraça. Sente tédio quando não está com ela e é preciso ser adolescente ou estar apaixonado para sentir tédio.


– Estaremos juntos novamente em breve...
– Sim...
– ... esteja certa disso. E, até lá, minha querida, meu amor, pertença a todos.



Há um paralelo perturbador entre o crescimento do turismo e a multiplicação de casos sentimentais. Amamos da mesma forma como viajamos, por períodos curtos e seguindo roteiros predeterminados. Apaixonamo-nos para ter lembranças, cartas, um conjunto de sensações, novas cores em nossas íris; para ter o que contar no escritório, aos nossos amigos, ao nosso psicanalista. Não existe diferença entre o amor e as viagens, pois sempre voltamos a eles.


Usei a palavra “cumplicidade” há pouco. Gosto dessa palavra. Um acordo tácito entre duas pessoas, uma espécie de pressentimento, digamos. Uma primeira alusão de que as duas pessoas são compatíveis, antes da tarefa enfadonha e tensa de descobrir se “partilham dos mesmos interesses”, ou têm o mesmo metabolismo, ou são sexualmente compatíveis, ou se ambas querem filhos, ou como brigamos conscientemente sobre as nossas decisões inconscientes. Mais tarde, quando olhamos para trás, nós veneraremos e comemoraremos o primeiro encontro, o primeiro beijo, as primeiras férias juntos, mas o que realmente importa é o que aconteceu antes de tudo isso: aquele momento, mais de pulsação do que racionalização, que acontece assim: é, talvez possa ser ela, e, é, talvez possa ser ele.
Pulso, Julian Barnes (conto: Cumplicidade)


Retoca os lábios no retrovisor e a maquiadora avisa, Entramos no ar em um minuto! Nevada TV faz o especial Prostituição na Estrada. Aproximam o microfone e perguntam, De que você se sente mais orgulhosa, Sherry? O amor é um trabalho difícil, responde, amar é a coisa mais difícil que já fiz em toda a minha vida.


BÔNUS!
amar
a.mar
(lat amare) vtd, vint e vpr 1 Ter amor, afeição, ternura por, querer bem a:Queria dizer a todo o mundo quanto o amava. Os egoístas não amam. Amaram-se toda a vida. vtd 2 Apreciar muito, estimar, gostar de: Feliz daquele que ama o trabalho! vpr 3 Fazer amor; copular: Os recém-casados amam-se no escuro. Antôn: detestar, odiar.
Dicionário Michaelis Online



Chez le Libraire : La singulière tristesse du gâteau au citron, de Aimee Bender

À la française 10 de junho de 2013 Aline T.K.M. 6 comentários


Com o lançamento da edição brasileira pela editora Leya, fiquei tentada a ler A peculiar tristeza guardada num bolo de limão. O livro traz a história de uma garota que descobre ter um talento nada convencional: ela sente o sabor dos sentimentos daqueles que preparam o que ela come. A partir da constatação desse dom, a pequena Rose deverá conviver e aprender a lidar com ele.

Agora, por que não ler o livro em francês? É só uma ideia – para vocês, leitores francoparlantes, e para mim mesma...

LA SINGULIÈRE TRISTESSE DU GÂTEAU AU CITRON, de Aimee Bender, Éditions de l’Olivier.
RÉSUMÉ : Le jour de ses neuf ans, Rose Edelstein mord avec délice dans le gâteau au citron préparé pour l'occasion. S'ensuit une incroyable révélation : elle ressent précisément l'émotion éprouvée par sa mère, alors qu'elle assemblait les couches de génoise et de crème. Sous la douceur la plus exquise, Rose perçoit le désespoir. Ce bouleversement va entraîner la petite fille dans une enquête sur sa famille. Car, chez les Edelstein, tous disposent d'un pouvoir embarrassant : odorat surpuissant ou capacité de se fondre dans le décor au point de disparaître. Pour ces superhéros du quotidien, ce don est un fardeau. Chacun pense être affligé d'un mal unique, d'un pouvoir qu'il faut passer sous silence. Comment vivre lorsque les petits arrangements avec la vérité sont impossibles ? Comment supporter le monde lorsque la moindre bouchée provoque un séisme intérieur ?

Nocilla Dream [Agustín Fernández Mallo]

Agustín Fernández Mallo 7 de junho de 2013 Aline T.K.M. 5 comentários

Nocilla Dream

Publicada em 2006 na Espanha por uma editora independente, Nocilla Dream é a primeira parte de uma trilogia, que virá a ser completada por Nocilla Experience e Nocilla Lab. Tornou-se um fenômeno no país – esteve entre os dez melhores livros de ficção do ano pelo jornal El Mundo, e foi eleito o quarto romance mais importante da década de 2000 em língua espanhola pela revista literária Quimera.

PROMOÇÃO: “A Livraria 24 horas do Mr. Penumbra”

Sorteios e concursos 4 de junho de 2013 Aline T.K.M. 53 comentários

Ainda estou lendo o livro, mas o sorteio já tá aí:
A Livraria 24 horas do Mr. Penumbra, de Robin Sloan! Uma leitura que estou curtindo bastante (cujo review prometo para breve!) e que provavelmente vocês, leitores, também vão adorar.



O prêmio é um kit contendo: um exemplar do livro + marcador + capa dura com botão para “encaixar” na capa original do livro (serve para vários livros de tamanho semelhante).



PARA CONCORRER É MUITO SIMPLES:
Seguir o Livro Lab no NetworkedBlogs (no menu lateral, abaixo do link da fanpage do blog)
Comentar neste post.
Preencher o formulário Rafflecopter abaixo.

a Rafflecopter giveaway


IMPORTANTE:
- É preciso ter um endereço no Brasil.
- Serão aceitas participações até 29/06/2013.
- Todos os itens obrigatórios deverão ser cumpridos para que a participação seja válida.
- O resultado será publicado neste mesmo post.
- Logo da publicação do resultado, enviarei um e-mail ao sorteado(a), que deverá ser respondido em até 3 dias. Não havendo resposta dentro do prazo, será feito um novo sorteio.
- O prêmio será enviado em até 30 dias.


Rádio britânica embala os ouvintes com um bom livro na hora de dormir

BBC 2 de junho de 2013 Aline T.K.M. 11 comentários


Dica curiosa para quem quer ler mais, mas não tem tempo para incluir outro livro na rotina diária; ou então para quem quer conhecer novos livros; ou, quem sabe, apenas para praticar o inglês.

Ou ainda, para aqueles dias de carência, nos quais tudo o que um bom bookaholic precisa é de alguém sentado ao lado de sua cama lendo um bom livro ao pé do ouvido. Tá, pode não ser para tanto, mas o que eu quero dizer é que esta é uma dica significativa, e atende pelo nome Book at Bedtime.

Book at Bedtime é um programa britânico de rádio que consiste, literalmente, em uma leitura “na hora de dormir”. Transmitido de segunda a sexta-feira pela britânica BBC Radio 4 às 22h45 (horário de lá!), e com duração de 15 minutos, o programa traz leituras de obras de ficção – incluindo lançamentos, clássicos modernos, e literatura de vários países do mundo – nas vozes de conhecidos atores britânicos.

Além da proposta do programa ser bem interessante, é delicioso escutar o sotaque britânico nas leituras – tão charmoso! Os livros são resumidos e sua leitura é dividida em “episódios”, transmitidos dentro do período de duas semanas, em média. Dependendo do tamanho do livro, os episódios podem durar até três semanas, ou então apenas uma semana.

Igualmente interessante, e mais dinâmico, é o que eles fazem no caso das coletâneas de contos: normalmente, são selecionados cinco contos do livro em questão e, a cada noite, é transmitida a leitura de um dos contos.

Para quem ficou curioso, dá para escutar os episódios no site da BBC.
Mas atenção: cada episódio fica disponível online somente durante alguns dias (uma semana, aproximadamente) a partir do dia da transmissão. No site também há entrevistas com autores e, ainda, é possível ver a relação dos próximos episódios – bom para se programar e não perder nenhum dia de leitura.

MAIS ALGUNS PROGRAMAS LITERÁRIOS DA BBC RADIO 4

Open Book – entrevistas com autores e editores, lançamentos em destaque, redescoberta de clássicos.

Book of the Week – como o Book at Bedtime, trata-se de leituras divididas em episódios, porém somente de obras de não ficção (biografias, diários, ensaios, viagens, etc).

Bookclub – entrevistas com autores renomados a respeito de seus livros mais famosos.


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